Frio hisórico no hemisfério norte e calorão no Brasil, será que tem relação?


São extremos que intrigam os meteorologistas.

Esse calorão, poucas vezes registrado com essa intensidade, apesar de ser um fevereiro de grande iluminação solar, poucas nuvens e chuvas, afinal é verão.

Em contra partida, no inverno do hemisfério norte o frio é extremo, nevascas históricas nos EUA, que inclusive vem provocando deboches dos céticos aos defensores da teoria do aquecimento global. Vídeos como este vem se proliferando na internet:



Mas deixando os deboches de lado, esses dias eu estava escutando rádio, quando o meteorologista Cléo Kunh foi indagado sobre o tema, ele prontamente respondeu assim: O planeta tem um equilíbrio de temperatura Global, logo como o inverno por lá está frio demais, nosso verão está quente para haver o equilíbrio.

Bom, ele não podia responder de maneira mais técnica e aprofundada, em uma intervenção de 1min no rádio, mas encontrei no site da Metsul uma explicação mais aprofundada e didática para essa relação:

Vários fatores entraram em cena para que se produzisse a histórica de calor como são muitos os fatores que sustentam o padrão de seguidas e enormes tempestades de inverno no Leste e Nordeste dos Estados Unidos, mas o interessante que em comum existe algo chamado bloqueio atmosférico. No nosso caso, um bloqueio manteve a instabilidade quase parada sobre o Uruguai, onde choveu demais com enchente, impedindo o avanço da frente fria para o Rio Grande do Sul. Com o sistema de alta semi-permanente do Atlântico mais próximo da costa, as águas muitos mais quentes que a média no Atlântico, a atuação do El Niño, o posicionamento mais ao Sul do Vórtice Ciclônico em Altos Níveis (VCAN) do Nordeste e a dissipação da ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul) que predominou em janeiro no Sudeste do Brasil, estabeleceu-se um fluxo contínuo de ar quente de Norte que gerou a alta temperatura.
No caso do Hemisfério Norte, também um bloqueio atmosférico exerce papel crucial para que o Leste e o Nordeste norte-americano registrem grandes nevascas. Observe na animação abaixo da anomalia de temperatura em elevadas altitudes (nível de 10 milibares) como se forma um enorme bloqueio em altas latitudes com intenso aquecimento do Ártico.


Este padrão de bloqueio está fortemente associado ao comportamento da Oscilação do Ártico (AO) que altera o padrão de circulação da atmosfera no Hemisfério Norte, mudando o posicionamento das correntes de jato e das tempestades. Veja como a AO despencou em dezembro, quando atingiu os menores valores diários em 50 anos, e como voltou a desabar agora no início de fevereiro. No fim de dezembro e início de janeiro, houve grandes nevascas nos Estados Unidos, que chegaram ao Sul do país, sendo Washington duramente atingida na ocasião, padrão que se repetiu na Ásia e na Europa Ocidental. Agora, como a nova queda acentuada da Oscilação do Ártico, grandes nevascas voltam a atingir os Estados Unidos, sendo duas históricas na capital americana em poucos dias.


Com o El Niño, há uma tendência maior das tempestades avançarem pelo Sul americano em direção ao Nordeste do país, ou seja, aumenta a instabilidade nestas regiões. Com a Oscilação Ártica muito negativa, a trajetória de ingresso de ar frio se altera e há uma invasão significativa de ar gelado no Nordeste dos Estados Unidos. Mais frio, mais instabilidade, mais neve.

A Oscilação do Ártico tem enorme impacto na temperatura da área continental dos Estados Unidos. Observe o gráfico abaixo com a correlação entre o comportamento da AO e da temperatura média no território norte-americano e atente como a evolução da oscilação acaba ditando o comportamento da temperatura. Valores tão negativos da Oscilação do Ártico como observados em dezembro de 2009 somente tinham sido anotados antes em janeiro de 1977.

Como se disse, muda a trajetória das tempestades de inverno e do ingresso do ar frio sob condições de AO negativa, o que leva mais frio e neve para a região mais populosa dos Estados Unidos (Nordeste do país) Europa Ocidental e partes da Ásia. Nestas regiões, estão os maiores centros populacionais do mundo, as sedes das grandes empresas mundiais de comunicação, o coração da opinião publica global. Isso pode levar à falsa idéia que o Hemisfério Norte todo congela, mas não. O mesmo padrão que favorece o resfriamento mais ao Sul, proporciona, com o bloqueio em elevada altitude, aquecimento excepcional das altas latitudes, ou seja, a região polar. Veja o mapa com as anomalias de temperatura de janeiro e note que enquanto a área continental dos Estados Unidos tinha temperatura muito abaixo da média, o Ártico amargava marcas muito superiores às normalmente observadas.


Este padrão de circulação teve importante contribuição, somando-se ao El Niño que atingiu o seu ápice no final de dezembro, para que este janeiro de 2010 fosse o mais quente no planeta desde o início das medições por satélite em 1979, independente do frio extremo observado nos Estados Unidos, maioria dos países da Europa e parte da Ásia.

Note na imagem acima de temperatura global no mês de janeiro, produzida empresa pela RSS, como as anomalias de temperatura foram extraordinárias mais altas que o normal nas altas latitudes do Hemisfério Norte, acompanhando a mudança no padrão de circulação atmosférica que, por mais paradoxal que possa parecer, acabou por gerar o frio extremo nas áreas mais densamente povoadas do mundo. Letras Amarelas-créditos: Alexandre Aguiar.

Como podemos observar, fenômenos naturais, que já aconteceram no passado e voltarão a acontecer no futuro, invernos muito frios, verões muito quentes, se fosse ao contrario.....

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